Em evento no Batuíra, CRUMA e demais entidades participam de importante diálogo sobre as demandas socioambientais de Poá

Intitulada ‘Os Direitos da Natureza’, roda de conversa provocou uma rica troca de experiência entre as entidades sociais e o poder público, além de prever a realização de um fórum socioambiental na cidade.

Samuel Ferreira

Durante o 4º Encontro Cultural Batuíra, realizado pelo Serviço Social Batuíra no último sábado (4), em Poá, a CRUMA se reuniu com diversos atores sociais, onde, junto ao poder público, trocaram experiências, discutiram projetos e encaminharam futuras ações em prol da conscientização socioambiental e da sustentabilidade como um todo. A ação fez parte da comemoração pelos 117 anos da instituição em São Paulo.

Intitulada ‘Os Direitos da Natureza’, a roda de conversa contou com a participação das ONGs Social Skate e Espaço Urbano; do Serviço Social Batuíra e da Secretaria de Meio Ambiente, além do sociólogo David Rodrigues (diretor do Escritório de Desenvolvimento Rural (EDR) de Mogi das Cruzes), entre outros.

O encontro suscitou relevantes discussões sobre o tema e motivou importantes pautas, como o encaminhamento para a realização de um amplo fórum de debate socioambiental na cidade, com previsão para fevereiro de 2022, entre outras ações.

A necessidade de mais interação entre os atores sociais foi discutida na reunião, onde as entidades não-governamentais poderiam trocar mais informações e experiências, além de fazer parcerias e elaborar projetos em comum, provocando, dessa forma, o poder público que, por sua vez, participaria dessa integração, em prol do interesse público.

Na avaliação do catador Roberto Rocha – um dos fundadores da CRUMA -, a cooperativa exerce um importante papel na questão do tratamento de resíduos em Poá, além de promover a inclusão socioprodutiva dos catadores de materiais recicláveis na cidade.

“Esse é um evento muito importante do Batuíra, que traz também atores importantes do município, entre eles a CRUMA, que eu tive a oportunidade de ser um dos fundadores. Hoje, além de sócio da cooperativa, sou também da ANCAT, que se colocou à disposição para fazer parcerias com essa entidade, para a gente avançar em projetos ambientais que possam contribuir com a redução dos resíduos e com os catadores de materiais recicláveis”, afirmou. A ANCAT é a Associação Nacional de Catadores e Catadoras de Materiais Recicláveis, da qual Rocha é presidente.

Trabalhos como o do Serviço Social Batuíra, que possui a cultura, o esporte e o meio ambiente como fatores auxiliares no desenvolvimento da cidadania entre as crianças, é de suma importância para a sociedade. A coordenadora do Serviço de Convivência e Fortalecimento de Vínculo do Batuíra, Lidiane Santos Rodrigues, se mostrou satisfeita com as articulações conseguidas no encontro das entidades.

“A gente fica muito feliz, porque conseguimos encaminhar daqui um fórum na cidade de Poá que vai tratar dessas demandas, da sistematização dos processos das hortas urbanas, do direito à natureza, das nascentes, do que as instituições e a sociedade civil estão pensando e fazendo com relação a isso e, principalmente, a cobrança do poder público naquilo que compete a ele”, frisou.

Ainda de acordo com Marco Senna, da Comunicação do Batuíra, a instituição fez mais uma provocação para atrair pessoas da comunidade que ainda não conhecem o local, além das demais instituições que trabalham com temas similares.

“Cada uma tem o seu projeto ecológico, de horta orgânica, enfim, para a gente se encontrar, discutir, propor ações para que tudo isso se fortaleça junto aos órgãos públicos, por políticas públicas. Falar da natureza não é o tema do momento, é o tema de sempre. A gente precisa o tempo todo falar, porque precisa preservar, porque a gente precisa entender os direitos da natureza”, salientou.

Quem compartilha essa premissa é a secretária de Meio Ambiente de Poá, Claudete Canada. Ela ressaltou que o Batuíra é um espaço histórico da cidade, com laço cultural e ambiental. “Hoje o Batuíra faz 117 anos, recordar esse lugar é um enorme prazer. Enquanto instituição, enquanto área verde, enquanto cunho ambiental e cultural, conte conosco aqui da Prefeitura e da Secretaria do Meio Ambiente, para trilharmos esse horizonte, esse espaço, que possa favorecer cada vez a nossa cidade e a nossa população”, disse. 

Ativista da causa animal, a vereadora Jilmara Kirino participou do evento na tenda da IUPAA, entidade protetora da qual é fundadora. “Esse evento é muito importante, tanto para a causa ambiental, como os nossos artistas aqui da cidade e hoje eu posso falar também como vereadora, protetora e artista também. Sempre que possível, eu participo também junto à Associação Cultural Opereta e hoje ver todo mundo reunido, trazendo ideias em prol de uma causa única que ao mesmo tempo abrange todas, é muito lindo e gratificante”, ressaltou.

Esporte como caminho

Na opinião do Educador Social Luiz Fernando Ribeiro, da ONG Social Skate, o intercâmbio de experiência foi muito rico na roda de conversa, uma vez que o meio ambiente, o esporte, a cultura e o lazer estão ligados um ao outro.

“A gente tem que tomar conta dos menores, dos grandes, tem que conscientizar. O que a gente puder somar e trocar com eles, multiplicar o nosso conhecimento para que eles também levem para outras pessoas e se tornem multiplicadores, é extremamente importante”, afirmou.

“A gente tem o skate como um esporte educacional. A gente tem como objetivo trazer as crianças para praticar o skate, porque tem uma lição, onde você cai, levanta e tenta de novo”, disse, explicando que, além de sua importância, a prática do esporte é uma maneira de cativar as crianças e transmitir a elas conhecimentos sobre assuntos importantes para a vida em sociedade.

Agricultura Familiar e Compostagem: cooperativismo popular e solidário

Por sua vez, o sociólogo David Rodrigues destacou a parceria que está sendo construída entre os catadores de materiais recicláveis organizados e a agricultura familiar, numa interação denominada ‘campo-cidade’.

“A agricultura familiar é muito representativa no Alto Tietê. Com a CRUMA, nós estamos vendo uma grande oportunidade de trabalhar a compostagem como um novo produto, que vai fazer essa articulação, que nós chamamos de ‘cooperativismo popular e solidário’”, disse o cientista social.

“O município de Poá é muito importante e, através dessa articulação com a CRUMA, nós estamos conseguindo chegar aqui, para ter um trabalho efetivo, nessa porção do nosso escritório”, finalizou.

O Escritório de Desenvolvimento Rural (EDR) é um órgão vinculado à Coordenadoria de Desenvolvimento Rural Sustentável (CDRS)/CATI, da Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo. Atualmente, o EDR de Mogi das Cruzes desenvolve um trabalho com a agricultura em 12 municípios da região do Alto Tietê.

Conscientização socioambiental

Numa clara ação de conscientização ambiental e comprometimento com o social, há quatro anos o Serviço Social Batuíra destina todos seus resíduos recicláveis à cooperativa CRUMA. Segundo Fábio Freitas Pandolfi, coordenador da instituição, a decisão gerou uma expressiva diminuição do volume de lixo antes destinado à coleta comum.

“Com isso, nós fizemos a redução de nossa geração de lixo. De oito sacos de lixo de 200 litros por dia, caiu apenas para um”, afirmou, lembrando que os resíduos orgânicos vão para a composteira da horta local.

Além da roda de conversa, o encontro contou ainda com palestras, aula de pilates, contação de histórias, música diversas, barracas de produtos artesanais, rap e dança circular com crianças e adolescentes do Batuíra, numa motivadora interação com o público presente, bem como espetaculares apresentações do malabarista Lucas Valverde. O evento contou com o apoio técnico da Associação Cultural Opereta.

Roberto Rocha é eleito vice-presidente do Conselho Municipal de Defesa do Meio Ambiente (Comdema)

Rocha é um dos fundadores e gestores da CRUMA, primeira e única cooperativa de reciclagem em Poá. A secretária Claudete Canada foi eleita presidente do órgão

Por Samuel Ferreira

O catador Roberto Laureano da Rocha foi eleito vice-presidente do Conselho Municipal de Defesa do Meio Ambiente (Comdema) de Poá, em reunião realizada na manhã da última quinta-feira (8). A secretária de Meio Ambiente e Recursos Naturais, Claudete Canada, foi eleita para a presidência do colegiado.

Durante o evento online foram discutidas ações na cidade, como a questão dos entulhos e regulamentação das caçambas, a fiscalização conjunta entre as secretarias de Meio Ambiente e Segurança, bem como o programa Junho Mais Verde, entre outras.

Atual presidente da Associação Nacional dos Catadores de Materiais Recicláveis (ANCAT) e coordenador estadual do Movimento Nacional dos Catadores de Materiais Recicláveis (MNCR), Roberto Rocha também é um dos fundadores e gestores da Cooperativa de Reciclagem Unidos pelo Meio Ambiente (CRUMA), que há 24 anos contribui com o meio ambiente, realizando a coleta seletiva nos bairros da cidade.

O catador veio de uma história de trabalho e suor pela sobrevivência econômica, onde puxava carrinho e coletava materiais recicláveis nas ruas da cidade para garantir o sustento da família. Hoje ele é um emblemático defensor dos direitos socioambientais da categoria, a nível municipal, regional, estadual e nacional, respectivamente.

Dada a ampla experiência que possui na discussão e solução conjunta para os problemas ambientais e sociais – especificamente no que se refere aos resíduos sólidos e à inclusão social -, sua eleição reflete uma posição coerente do Conselho ao trazer pessoas que têm responsabilidade com as questões ambientais da cidade.

Para Roberto, a atuação do Conselho é muito importante para a discussão sobre as questões ambientais da cidade, principalmente com a gestão da atual presidente que, segundo ele “tem um grande trabalho na questão ambiental há muitos anos e uma competência fora de série”.

“Eu agradeço a todos os membros do Conselho por darem a confiança em mim pela vice-presidência, e acredito que a atuação com a presidente Claudete – que para mim é uma grande ambientalista, não somente na cidade, mas em todo Estado de São Paulo -, nessa dobradinha entre o técnico e a sociedade civil, vai contribuir muito para a melhoria e a qualidade cada vez melhor do que Poá precisa de fato, a qualidade de proteção ambiental”, concluiu.

De visão semelhante, a secretária da pasta ambiental ressaltou que “a importância da retomada do Conselho se faz necessária no âmbito do sistema de Meio Ambiente e do licenciamento ambiental, para que os programas, projetos e ações ambientais sejam tratados em âmbito colegiado e participação de todos no processo”.

O que é o COMDEMA?

O Conselho Municipal de Defesa do Meio Ambiente (Comdema) é o órgão consultivo, deliberativo, normativo e fiscalizatório do Sistema Nacional do Meio Ambiente – SISNAMA, em âmbito municipal.

Em Poá, foi instituído em 1999, através da Lei nº 2744. O principal objetivo do órgão – em cujo colegiado há representantes do Poder Público e da Sociedade Civil – é assessorar o Poder Executivo nas questões inerentes ao meio ambiente e ao desenvolvimento urbano.

ANCAT e Prefeitura de Suzano abrem curso de Capacitação a catadores para operação da Central de Triagem de Resíduos do bairro Miguel Badra

Samuel Ferreira

Na manhã de quinta-feira (18), representantes da Associação Nacional dos Catadores de Materiais Recicláveis (ANCAT) e da Prefeitura de Suzano participaram da abertura oficial do curso de Capacitação e Formação para os catadores de materiais recicláveis que trabalharão na Central de Triagem de Resíduos do bairro Miguel Badra.

O evento contou com a presença dos catadores Roberto Rocha (presidente da ANCAT) e Eduardo Ferreira (representante do MNCR), além de Roberval Prates (Rede Cata Sampa); Leiliane Santana (Instituto Cata Sampa) e Ary Moraes (ANCAT), coordenador do projeto de formação.

O poder público esteve representado por André Chiang (secretário de Meio Ambiente) e Solange Wuo (diretora de Meio Ambiente). Morador do bairro, o vereador Marcos Antonio (Maizena) também participou da abertura dos cursos.

A iniciativa faz parte do contrato firmado entre o poder público e a ANCAT, que será responsável pelo apoio técnico ao projeto, que conta ainda com a gestão do Instituto Cata Sampa e a logística operacional da Rede Sampa, órgãos ligados aos catadores organizados.

O programa de formação contemplou 30 pessoas, que estão sendo treinadas para operar a nova central de triagem. O cadeirante Lucas Júlio Batista (17), morador do bairro e ex-catador individual, ocupará um desses postos de trabalho. “Na minha opinião, [o projeto] é bom para todo mundo. Ajuda a população e a nós. A reciclagem que o pessoal joga na rua a gente pode pegar e trazer para cá”, disse.

Além do intuito de conscientização ambiental, o curso abrange conhecimentos teóricos e práticos sobre coleta seletiva e o universo da catação de materiais recicláveis, além de temas como cooperativismo, logística reversa e organizações sociais, entre outros.

Conhecimento e superação

Ao saudar o grupo atento de catadores,Roberto Rocha falou dos tempos difíceis, do apoio que recebeu de parceiros e do conhecimento que adquiriram ao longo dos anos

“Fizemos muita coisa juntos, muitas formações, treinamentos, trabalhando para entender como funciona esse nosso trabalho. Essa seleção que vocês tiveram é fundamental para vocês entenderem o que estão fazendo, aonde vocês vão pisar, de que forma vai ser esse trabalho e como vocês vão crescer”, frisou.

Contou ainda sobre o tempo em que conheceu a primeira cooperativa de reciclagem em São Paulo – a Coopamare -, onde foi recebido pelo companheiro Eduardo Ferreira: “Eu não sabia de nada também. Me convidou para fazer um curso na cooperativa dele. Na Época era um curso que se chamava ‘Reciclar cooperando. Cooperando Reciclar’. E a partir daí, foi aquele curso, na verdade, que me motivou a ser o que eu sou hoje”.

Ele também destacou a importância de a categoria desenvolver um programa integrado de coleta seletiva na cidade e pensar em mecanismos de sustentabilidade.

“A coleta seletiva só pela coleta seletiva não fecha a conta das cooperativas. E aí a gente precisa pensar num plano que contribua de fato com o município, com a coleta seletiva. Nós queremos que os catadores das duas unidades tenham dois salários mínimos, ganhem bem, tenham suas cestas básicas, comprem o que precisar, de forma que a prefeitura seja somente um parceiro momentâneo, porque vocês conseguem desenrolar as coisas”, concluiu.

Para Eduardo Ferreira, a parceria entre a ANCAT e a prefeitura fortalecerá todos os atores envolvidos na causa socioambiental do município. “Essa parceria vai fortalecer os catadores, o poder público e a sociedade. Tudo em prol de uma melhoria para o meio ambiente”, disse.

Parceria inclusiva e exemplar

Segundo o secretário Chiang – que disse estar muito feliz com o projeto -, essa parceria é um exemplo para Suzano, para a região e até para o País.

“Toda profissão precisa ter capacitação. É uma forma de nós levarmos capacitação para os catadores que, na minha opinião, são profissionais sim. E quanto mais qualificação, a mão de obra é melhor, o resultado é melhor e no final a gente sabe que na ponta quem ganha é a população. Eu vejo parcerias como essa um exemplo para ser seguido”, ressaltou.

Nas palavras da diretora Solange, ter a ANCAT como parceira para a capacitação é trabalhar com o que há de melhor, dada a sua excepcional qualidade técnica e seu olhar pela vida do catador.

“Isso comunga muito com os ideais do projeto e o olhar da ANCAT vai além. Essa capacitação não é só uma questão teórica, de aprender a mexer em maquinário e operar. Terminando essa capacitação, a gente tem o Programa da Coleta Seletiva novo, repaginado, para iniciar. Nós vamos fazer um trabalho que vai permear os catadores avulsos, isso vai ser muito importante, porque não existem políticas públicas para catadores avulsos. Se você ampara e dá condições de geração de renda, você está tirando esse pessoal da linha da pobreza”, ressaltou. 

Por sua vez, o vereador Maizena enalteceu a importância do projeto: “É minha satisfação como representante [do povo] e como morador do bairro. Quando a gente vai aprendendo mais, principalmente a parte de reciclagem, e deixando nossa cidade e nosso bairro limpos, é maravilhoso”.

Na opinião do catador e técnico ambiental Carlos Henrique, que integra a equipe de mobilização e formação, a capacitação dos novos catadores é de extrema importância e necessidade.

“Conhecimento gera fortalecimento e a gente tem oportunidade de fazer essa troca de conhecimento para gerar fortalecimento da nossa categoria. É uma oportunidade única, onde a gente pode mostrar para o catador que ele é competente, capaz, profissional e eficiente”, afirmou.

Na visão de Ary Moraes, o processo de formação é continuado, para elevar a consciência social e política do cooperado, para que a cooperativa realmente cresça.

“São pessoas que nunca trabalharam numa central de reciclagem. Trabalham com reciclagem, mas avulso. Então é para eles conhecerem como é a operação de uma central e a gestão administrativa-financeira de uma cooperativa. Três pontos são fundamentais nesse curso: gestão administrativa-financeira, operação de uma central e elevação da sua consciência social e política”, afirmou.

A formadora Bruna Cristina, do Instituto Cata Sampa, disse estar muito feliz nessa nova etapa da sua vida: “Eu vim da coleta da rua, na verdade. Eu já trabalhei na coleta porta a porta, já fui da mesa de triagem e da prensa. Sendo uma das coordenadoras de formação, estou muito feliz em ensinar para as pessoas aquilo que eu sei”.

Por Samuel Ferreira

A Cooperativa de Reciclagem Unidos pelo Meio Ambiente (CRUMA) retomará as atividades do Programa de Coleta Seletiva em alguns bairros de Poá. Os trabalhos recomeçarão a partir do dia 25 de agosto.

A coleta seletiva nos bairros e a triagem no galpão foram paralisadas em 19 de março, devido ao estágio perigoso da pandemia na região. Em 2 de junho, a cooperativa reiniciou as atividades internas e agora, diante da flexibilização gradativa do distanciamento social, voltará a coletar nas residências e comércios da cidade.

Nesse primeiro momento, as coletas semanais serão realizadas nos bairros Açoreana I e II, Jardim Alvorada, Vila Bandeirantes, Vila Monteiro, Centro I e II. As coletas quinzenais serão realizadas na Vila Varela.

Protocolos de segurança sanitária

Mesmo com a flexibilização e diante do risco da Covid-19, tanto os catadores quanto os doadores de recicláveis deverão adotar medidas rígidas de prevenção. Para isso, a CRUMA segue alguns protocolos de segurança, com recomendação e orientação dos principais órgãos de Saúde e do Ministério Público do Estado de São Paulo, entre outros.

Para isso, na coleta residencial, os catadores não poderão mais pegar os sacos ou bags com os recicláveis e devolver aos doadores que, por sua vez, deverão colocar os materiais em sacos fechados e deixar na parte externa da residência.

Materiais não recicláveis, como máscaras de proteção facial, luvas e lenços de papel, deverão ser colocados em pequenos sacos lacrados e destinados à coleta convencional. As pessoas com casos suspeitos ou constatados de Covid-19 em suas famílias não devem entregar os recicláveis aos catadores, por medida de segurança.

Campanha de conscientização sanitária

Uma campanha de conscientização sanitária, com protocolo de prevenção na coleta seletiva porta a porta durante a pandemia, será realizada pela cooperativa junto à comunidade, com a distribuição de panfletos educativos e postagens orientativas, tanto nas redes sociais quanto no website.

Seguindo o protocolo de prevenção ao coronavírus, um grupo de 15 dos 45 cooperados retoma nessa terça-feira (2) o trabalho de coleta seletiva, triagem e beneficiamento de materiais recicláveis.

Samuel Ferreira

Após mais de 60 dias de paralisação, a Cooperativa de Reciclagem Unidos pelo Meio Ambiente (CRUMA) retomou nessa terça-feira (2) suas atividades de coleta seletiva e triagem de materiais recicláveis. A retomada acontece após a realização de orientação e treinamento aos cooperados quanto ao uso adequado de equipamentos de proteção e procedimentos corretos de prevenção.

Com um grupo reduzido, composto por 15 dos 45 cooperados, os trabalhadores se dividirão em atividades de coleta, triagem, prensagem e armazenamento dos resíduos sólidos doados por empresas, comércios e famílias de moradores cadastrados no programa de coleta seletiva da cooperativa.

Mesmo diante da crise sanitária e do distanciamento social, os catadores afirmam que precisam trabalhar e a retomada dos serviços se faz necessária, uma vez que, para reforçar o sustento da família, dependem muito da renda obtida com a venda dos materiais à indústria recicladora.

“A nossa renda sai daqui dos materiais, então é muito importante a gente retornar, com todo o cuidado”, afirmou a catadora Adriana Ferreira, coordenadora da esteira de triagem dos materiais recicláveis.

Apesar do devido cuidado em seguir o protocolo de prevenção à pandemia, o catador Celso Matias, de 25 anos, se mostrou otimista com a volta ao trabalho. Assim como os demais companheiros, ele não deixou de usar a máscara, o protetor facial, as luvas e o avental.

“A gente precisa de uma renda para nossa família. Com essa crise, agora a gente precisa voltar aos poucos, mas com força e um ajudando o outro. É muito importante a gente estar voltando ao trabalho de reciclagem, em prol do meio ambiente”, disse.

Um dos gestores administrativos da cooperativa, o catador Roberto Rocha entende que a volta às atividades se dará de forma gradativa, onde os catadores deverão se adaptar aos novos procedimentos para o trabalho em conjunto.

“Estamos tratando nossa retomada gradativa, com toda segurança, usando os EPI’s necessários, de acordo com as orientações que temos de vários órgãos importantes, como o ORIS e o Ministério Público Federal. Estamos fazendo essa retomada com um grupo menor, para ter o distanciamento, com toda a segurança e higienização. Todo um processo para a gente não parar nosso trabalho, que é tão essencial para a comunidade e para o meio ambiente”, ressaltou.

Decisão foi tomada levando em consideração a situação socioeconômica dos catadores e a necessidade de atender as famílias e comércios doadores de materiais recicláveis da cidade

Por Samuel Ferreira

Trabalhadores da Cooperativa de Reciclagem Unidos Pelo Meio Ambiente (CRUMA) se reuniram na manhã dessa segunda-feira (1) e tiveram orientações para a retomada gradual dos serviços de coleta e triagem de materiais recicláveis, paralisados desde 19 de março. As atividades serão retomadas nessa terça-feira (2).

A decisão de voltar às atividades foi tomada levando em consideração a situação socioeconômica dos trabalhadores e a essencialidade do serviço de coleta seletiva no município, cujas famílias doadoras tradicionais já demonstravam preocupação quanto à destinação correta de seus resíduos pós-consumo.

No galpão da cooperativa foi ministrado um treinamento aos catadores sobre o uso do equipamento específico de proteção individual (luva, avental, máscara e protetor facial) e o manejo correto dos materiais que serão triados, após o período de quarentena dos mesmos.

Tanto os materiais em quarentena quanto as superfícies dos equipamentos com os quais os catadores terão contato, passaram e deverão passar por desinfecção através da borrifação de água sanitária, com correta concentração de cloro ativo.

Demais protocolos de segurança, como o distanciamento mínimo entre os trabalhadores, uso de álcool em gel e constante lavagem de mãos também serão rigorosamente adotados pelos grupos de trabalho, principalmente para os que atuam na esteira de triagem.

GRUPO DE RISCO

Todos os cooperados enquadrados no chamado grupo de risco (que considera faixa etária e doenças crônicas como diabetes e hipertensão) não poderão voltar às atividades durante o regime de distanciamento social e a vigência da pandemia.

No entanto, eles serão assistidos pela cooperativa, com a entrega das cestas básicas doadas por diversos atores sociais, dentre outros insumos.

O advento dessa terrível pandemia tende a aumentar os gastos das cooperativas de reciclagem com EPI’s específicos e demais produtos de prevenção, fator que reforça o direito histórico dos catadores ao recebimento justo pelo serviço de coleta seletiva prestado nos municípios e Estados brasileiros.